Os professores da rede municipal de São Paulo aprovaram, nesta terça-feira (15/04), uma greve geral como forma de pressão para negociar um reajuste salarial mais justo. A decisão foi tomada durante uma assembleia realizada em frente à Prefeitura de São Paulo, com a participação de representantes dos sindicatos da educação. O movimento reivindica um aumento de 44% nos salários, o fim dos descontos sobre aposentadorias e melhores condições de trabalho para a categoria.
A greve foi motivada pela insatisfação com a proposta da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que sugeriu um reajuste de apenas 2,60% para este ano e 2,55% para o próximo. Esses índices foram considerados insuficientes pelos educadores, que apontam uma defasagem nos salários devido à inflação e ao alto custo de vida. A proposta da gestão Nunes gerou forte rejeição, levando os professores a reivindicarem um aumento significativo para compensar as perdas acumuladas nos últimos anos.
A Prefeitura, por sua vez, defendeu que a proposta de reajuste total de 5,2% nos salários dos servidores municipais é um esforço para valorizar o funcionalismo público. Em nota, a administração afirmou que, nas gestões anteriores, os aumentos eram praticamente inexistentes, com correções mínimas de 0,01% ao ano. A gestão Nunes também enfatizou que houve um aumento na remuneração inicial dos professores da rede municipal de ensino, o que, segundo a Prefeitura, demonstra o compromisso com os educadores.
Apesar da posição da Prefeitura, os professores alegam que os ajustes propostos não são suficientes para suprir as necessidades da categoria. Além disso, a questão dos descontos para aposentados e pensionistas tem sido um ponto de grande preocupação. Muitos educadores aposentados estão sentindo o impacto financeiro devido ao confisco de 14% sobre seus rendimentos, uma medida que, segundo os sindicatos, afeta negativamente sua qualidade de vida.
O movimento grevista, organizado pelos sindicatos vinculados à Coordenação das Entidades Sindicais Específicas da Educação Municipal (Coeduc), está sendo amplamente apoiado pelos educadores. A greve visa pressionar a Prefeitura para que revise sua proposta de reajuste e inicie negociações reais com os representantes da categoria. Na manhã seguinte à assembleia, outro ato foi programado, reunindo servidores de outras áreas além dos educadores, com a intenção de fortalecer o movimento.
A greve por reajuste salarial e melhores condições de trabalho também ganhou apoio de outras entidades, como o Fórum das Entidades, que agrupa servidores de diferentes setores públicos. Esses grupos defendem um reajuste de 12,9% e a revogação das medidas que afetam os aposentados. A luta por direitos melhores para os trabalhadores do serviço público, especialmente na educação, tem ganhado destaque nas discussões políticas da cidade.
A administração municipal, em resposta ao movimento, reiterou seu compromisso com a educação e criticou a interrupção das atividades escolares como forma de protesto. O prefeito Ricardo Nunes ressaltou que a educação das crianças não pode ser comprometida pelos interesses de categorias específicas. A Prefeitura busca, com a proposta apresentada, equilibrar as finanças municipais e garantir os direitos dos servidores, mas, ao mesmo tempo, reforçou a importância de manter as aulas funcionando para não prejudicar os alunos.
Em resumo, a greve dos professores municipais de São Paulo reflete um momento de tensão entre a categoria e a administração municipal. A busca por um reajuste salarial adequado e melhores condições de trabalho continua a ser um desafio. O movimento segue com a expectativa de que as negociações sejam retomadas, e que a Prefeitura reveja suas propostas, levando em consideração as necessidades dos profissionais da educação. O desfecho deste conflito será crucial para o futuro das relações trabalhistas no município e para a qualidade da educação oferecida na cidade.
Autor: Geller Semynora