Segundo o tributarista Renzo Bahury de Souza Ramos, a Câmara dos Deputados está considerando o Projeto de Lei 1165/24, que visa isentar as indenizações pagas a trabalhadores pela falta de intervalo para alimentação e repouso da cobrança de contribuições previdenciárias. Se aprovado, o projeto irá alterar a Lei Orgânica da Seguridade Social para garantir que tais valores não sejam considerados salário ou remuneração. A proposta, apresentada pelo deputado Jonas Donizette (PSB-SP), surge como uma resposta às recentes decisões da Receita Federal. Além disso, a iniciativa busca corrigir distorções nas práticas de cálculo e aplicação de tributos relacionados às condições de trabalho.
O que muda com o projeto?
O Projeto de Lei 1165/24 estabelece que as indenizações pagas aos empregados pela ausência de pausas intrajornada não devem sofrer contribuição previdenciária. Atualmente, a Receita Federal tem decidido que tais valores estão sujeitos a tributo, argumentando que a natureza indenizatória desses pagamentos não é suficiente para isentá-los da contribuição. O projeto visa assegurar que esses valores sejam claramente identificados como indenizatórios e não como remuneração pelo trabalho, evitando a aplicação indevida de tributos sobre compensações relacionadas a práticas trabalhistas específicas.
Além disso, conforme evidencia Renzo Bahury de Souza Ramos, a proposta pretende criar um precedente que possa influenciar futuras decisões administrativas e judiciais relacionadas a compensações e indenizações trabalhistas. A definição clara da natureza das indenizações poderá servir de base para debates e regulamentos futuros, garantindo uma abordagem mais justa e transparente na aplicação de leis tributárias.
Quais os motivos por trás da proposta?
A justificativa para a proposta destaca a necessidade de garantir que as indenizações pela supressão do intervalo intrajornada sejam tratadas corretamente do ponto de vista tributário. Desde 2023, a Receita Federal tem considerado essas indenizações como base para a contribuição previdenciária, o que tem gerado insegurança jurídica e confusão para empregadores e trabalhadores. Como pontua Renzo Bahury de Souza Ramos, ao propor essa mudança legislativa, busca-se reafirmar a competência do Parlamento para definir claramente a natureza dessas indenizações e evitar a aplicação indevida de tributos.
Além disso, a proposta visa corrigir a percepção errônea de que todas as formas de compensação devem ser tributadas da mesma forma que salários e remunerações. A mudança ajudará a diferenciar claramente entre compensações destinadas a reparar danos ou falhas no cumprimento de condições de trabalho e remunerações regulares, garantindo um tratamento fiscal mais equitativo.
Quais os próximos passos para a proposta?
Conforme explica o tritubratista Renzo Bahury de Souza Ramos, a proposta será analisada em caráter conclusivo por diversas comissões da Câmara dos Deputados, incluindo as de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Após a análise dessas comissões, o projeto seguirá para votação no Senado. Se aprovado, a lei trará maior clareza sobre a natureza das indenizações por falta de intervalo para alimentação e repouso, evitando a cobrança indevida de contribuições previdenciárias sobre esses valores.
Além disso, a tramitação do projeto nas comissões e no Senado será acompanhada com atenção, pois a aprovação pode representar um passo significativo para a atualização das normas tributárias relacionadas às condições de trabalho. A nova lei poderá servir de modelo para outras reformas legislativas que visem adaptar o sistema tributário às realidades do mercado de trabalho e às necessidades de compensação justa para os trabalhadores.
Impacto e perspectivas futuras
Em suma, se aprovado, o Projeto de Lei 1165/24 poderá redefinir o tratamento tributário das indenizações por falta de intervalos para alimentação e repouso, trazendo benefícios tanto para empregadores quanto para trabalhadores. A medida promete fornecer maior clareza jurídica e evitar a tributação indevida dessas compensações, alinhando-se com a natureza indenizatória dos pagamentos.
Além disso, a proposta pode servir de precedente para futuras reformas nas leis tributárias, influenciando a forma como outras compensações e benefícios são tratados no contexto trabalhista. A aprovação do projeto não apenas atenderá às necessidades atuais, mas também pode abrir caminho para uma abordagem mais justa e transparente na legislação tributária, ajustando-se melhor às condições reais do mercado de trabalho.